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Esôfago de Barrett

O Esôfago de Barrett é uma doença pré- maligna com grande potencial para evolução para o câncer de esôfago. O seu desenvolvimento necessariamente envolve um período com a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), mesmo que o paciente nunca teve sinais ou sintomas e foi um achado endoscópico. Existem dois tipos de Barrett, curto e longo. O câncer pode se desenvolver a partir de qualquer tipo e em geral após 10 anos do diagnóstico, na sequência da displasia leve e intensa (carcinoma in situ).

Após o desenvolvimento do esôfago de Barrett, o controle da DRGE é necessária, evitando o seu crescimento e diminuindo a agressão crônica deste epitélio e progressão para câncer.

O tratamento endoscópico pode ser indicado após a confirmação das biópsias de esôfago de Barrett com neoplasia intraepitelial de baixo grau (indicação principal), neoplasia intraepitelial de alto grau (indicação individualizada) e Barretts curtos ou longos sem displasia, em pacientes com refluxo controlado. Não é indicado em pacientes com diagnóstico de adenocarcinoma de esôfago secundário ao esôfago de Barrett.

Como é o procedimento

O procedimento é simples e na maior parte dos casos o tipo de anestesia utilizada é uma sedação realizada em ambiente hospitalar – Day Hospital. Todo o procedimento é realizado por médicos endoscopistas e com treinamento específico.

O sistema chama-se BARRX e os cateteres e geradores são produzidos pela conhecida marca MEDITRONIC. Desenvolvidos para aplicar a energia de radiofrequência ablativa com a finalidade de destruição deste tecido com grande potencial neoplásico.

Não há uma idade máxima para a realização e em geral é indicada após os 18 anos. Em idades inferiores as indicações devem ser discutidas com os familiares e pacientes.

O tempo médio de procedimento é de 15 a 20 minutos, sob sedação. A recuperação é rápida com remédios sintomáticos nos primeiros 3-5 dias.

Sem cortes na pele, é realizada uma endoscopia digestiva para a identificação e mapeamento do esôfago de Barrett para o posicionamento do cateter. O esôfago é limpo previamente com solução contendo na acetilcisteína. A introdução do cateter é guiada por um fio guia ou acoplado ao equipamento. Este cateter tem uma conexão a um gerador de energia de radiofrequência ablativa. Após o posicionamento adequado o médico endoscopista aciona o gerador que prepara e dissipa a energia ao tecido pré neoplásico causando a sua destruição. Em média são realizadas duas sessões na sequência e uma nova avaliação e sessão após 3-4 meses. Após o tratamento com o sistema BARRX®, a vigilância de áreas compatíveis com Barrett deve ser realizada após 6 meses e 12 meses. O controle da DRGE é necessária para evitar o surgimento de novas áreas. No Brasil há poucos centros que realizam o procedimento por necessitar de um treinamento específico e curva de aprendizado longa. A segurança do método, com baixo risco de eventos adversos está relacionada a experiência da equipe que realiza.

As principais contraindicações são: gravidez, varizes de esôfago e estômago, coagulopatias e uso de anticoagulantes. Marcapassos são contra indicações relativas, na dependência do tipo e possibilidade de reprogramação.

Como é o pós-procedimento

  • Você não poderá dirigir ou realizar atividades que requerem atenção;
  • Não é permitido o retorno para casa de moto ou bicicleta;
  • O paciente poderá ter alta no mesmo dia após recuperação anestésica;
  • Retorno ao trabalho após o terceiro dia;
  • Retorno a atividade física após 07 dias;
  • Deverá continuar o uso das medicações habituais até a orientação médica;
  • Atividade sexual após uma semana.

Complicações

O risco de complicações é baixo e menor em relação aos outros procedimentos endoscópicos ablativos ou de ressecção. As principais complicações são sangramentos e perfuração. Dor leve a moderada e náuseas podem ocorrer. Hematomas no local da punção venosa para a anestesia e uma leve vermelhidão podem ocorrer e são chamadas de flebites. Dor a deglutição é comum no primeiro dia, mas de leve intensidade.